• Largo da Cruz
     Luta de Besouro 


    Informação

    Sinhô Antunes (José Antunes Brigido Dorneles), em 1921, um menino de 12 anos, aluno do Colégio Bom Jesus (hoje agencia do Banco Brasil) dirigido pelo conceituado educador da época, Dr. Thier de Abreu Chagas (Bacharel em Direito), assistiu á famosa peleja através da frincha dentre as duas metades entreabertas de uma das janelas do educandários. Todo o colégio esteve em polvorosa menos ele que, de olho acesos, sem pestanejar, testemunhou o combate e há pouco, ofereceu-me o relato.

    Os policiais foram três – duas praças encarabinados e um tenente delegado (Manuel Francisco de tal) - que emboscaram Besouro então pernoitado em casa suspeita de rapariga no estreito Beco de Bilhar, que ia do Largo da Cruz a margem Rio Subaé, hoje por um portão ao lado da papelaria de Argemiro, o Baú. Três praças guarneceram a passagem pelo lado de trás (do rio) e, pelo outro lado, o do largo da Cruz, como foi dito, o tenente e seus soldados fecharam o cerco. Avisando do perigo, Besouro rapidamente escolheu enfrentar a situação pelo lado do cruzeiro que oferece ainda várias saídas por ruas dali derivadas. Sinhô viu tudo naquela inesquecível manhã de verão.

    A luta travara-se em torno do grande cruzeiro de base quadrangular enorme. No instante em que se seguiu á grande expectativa, irrompe do beco o agilíssimo Besouro e enfrenta os fardados que disparam as armas sem firmeza na mira e vão, incontinente, ser golpeado pelos ágeis pés do capoeirista que alcança, num certeiro açoite de calcanhar, a cabeça do tenente pondo-o fora de forma, desmaiado; o pânico domina as praças que disparam a esmo conseguindo apenas o volumoso pedestal da cruz atrás do qual, em brusca manobra, esquivas-se o ágil capoeirista, e num rápido instante, reaparece, golpeia os soldados afastando-lhes as carabinas, atirando-as ao longe, quando, célere, precipita-se em fuga e alcança o Beco do Xaréu, e atravessando o rio (sem ponte aquele tempo) desaparece na ladeira do Calolé acima ganhando a liberdade dos densos canaviais , adiante. Foi tudo muito rápido. As marcas das balas se fixaram em sulcos fundos na pedra lisa do pedestal da enorme cruz, que os meus olhos de menino curioso ainda viram antes de erradicarem o vistoso cruzeiro, o mesmo que século « servira de encosto instantes antes de desfalecer, já atacado pelo cólera, ao lendários sanitarista, o nosso herói-mártir da medicina - Cypriano Betâmio [1818-1855].

    A cena no mapa

    A luta de Besouro no Largo do Cruzeiro / Largo da (Santa) Cruz - hoje Praça Batista Marques


    Outros resumos de que aconteceu

    Acontecido se deu no Largo da Cruz. O soldado desafiou Besouro (Besouro respondeu) volta, volta que eu não quero te fazer nada Besouro pegou o revólver da cavalaria.

    O soldado da polícia que aparece nesse caso chamava-se José Costa e teria saído no encalço de Besouro de Mangangá após receber ordens do delegado Manoel Francisco. A polícia teria sido informada que Besouro estava ao Largo da cruz, atual praça Batista Marques. Besouro correu pelo Beco do Xaréu, atravessou a ponte. José Costa, que corria muito, conseguiu aproximar-se de Besouro, mas foi atingido pelos disparos do revólver de Besouro. A valentia de Besouro é lembrada por todos. Nesse caso, ele acertou dois tiros no braço do policial. O fato de ele ter enfrentado a policial tornou um herói, um mestre para os meninos do Trapiche de Baixo, onde jogavam a capoeira descalços e de roupas comuns. Sua fama acabou virando lenda.

     fonte 

    Uma outra história [do mesmo caso] diz que “certa vez, Besouro obrigou um soldado a beber grande quantidade de cachaça. O fato registrou-se no Largo de Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente à caserna, comunicando o ocorrido ao comandante do destacamento, Cabo José Costa, o qual designou 10 praças para conduzirem o homem preso, morto ou vivo. Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e, encostando-se na cruz existente no largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então se ergueu, mandou que o comandante levantasse as mãos, ordenou que todos os soldados fossem embora [..]

     fonte 

    E também existe um outro final: [..] Mas qual não foi a surpresa quando os praças se aproximaram e viram Manoel se levantar, tão vivo quanto antes, e correr, em movimentos ágeis, pelo beco que leva à ponte do Xaréu. Sem hesitar, pulou da ponte, fazendo quase um vôo, e fugiu pelo mato.

     fonte 

    O antigo Largo da Cruz

    Streetview do Largo da Cruz, hoje praça Batista Marques


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