• LP
     CAPOEIRA 
     M Traíra, M Cobrinha Verde e M Gato Preto 

    1963







    📻 Velhos Mestres

    Traíra e Cobrinha Verde*, 1963
    < >
    • 01.
      Santa Maria
      9:07
    • 02.
      São Bento Pequeno*
      5:30
    • 03.
      São Bento Grande
      5:21
    • 04.
      Jogo de Dentro
      6:33
    • 05.
      Cavalaria
      5:09
    • 06.
      Iúna
      1:38
    • 07.
      Seqüencia de ritmos
      7:39

    Traíra e Cobrinha Verde*



    Informação

    M Cobrinha Verde [1908-1983] foi convidado pelo ator de cinema Roberto Batalin [1926-2004?], para gravar um disco de capoeira junto com os mestres Traíra [João Ramos do Nascimento, 1925?-1975?] e Gato [José Gabriel Góes, 1930-2002].

    M João Grande afirma o cantador Didi (Djalma da Conceição Ferreira) a ser Didi Cabeludo.

    M Gato Góes afirma o Didi Cabeludo a ser o aluno de camisa listrada quem joga com M Cobrinha Verde. Cabeludo, porém sem cabelo.

    Como o Dias Gomes quem escreveu o texto illustrativo menciona o fictício mestre Coca do filme Pagador de Promessas de 1962, o disco não pode ser anterior.

    Velhosmestres.com fez a pesquisa das imagens do livreto do LP. Grupamos as imagens pelo local da roda. Leia mais abaixo e nas imagens!

    1 Roda na RAMPA DO MERCADO com M Cobrinha Verde, M Traíra e Didi Cabeludo - 9 fotos.

    2 Roda no CAIS DO PORTO com M Waldemar, M Traíra, Quabra-Jumelo (Vanildo Cardoso de Souza) - 2 fotos.

    IMAGENS SEM LOCAL

    • Capa do LP
      CAPOEIRA
      Documentos Folclóricos Brasileiros
      "Capoeira ou a Dança de Guerra" de Rugendas do abril de 1835

    • Reprodução de uma pintura de Augusto Rodrigues

    • Desenho de Carybé

    • FOTOS: Salomão Scliar e Marcel Gautherot

      TEXTO: Dias Gomes

      DESENHO: Augusto Rodrigues e Carybé

      PAGINAÇÃO: José Medeiros (image)

      COORDENAÇÃO geral: Editora Xauã

      PRODUÇÃO: Roberto Batalin

      Impressão: Artes Graficas Palmeiras
      Rua Barão de Itapagipe 60
      Guanabara - Brasil

    • Contra-capa
      "San-Salvador" de Rugendas do julho de 1835

    • Face A do LP

    • Face B do LP

    Imagens

    1 RAMPA DO MERCADO

    Não sabemos aonde foi gravado o som do LP, mas é pouco provável que isto foi feito ao ar livre. As fotos para acompanhar o disco porém foram tiradas na rampa do Mercado Modelo. Conseguimos identificar mestres Traíra e Cobrinha Verde, mas não o Gato, quem também participou como tocador de berimbau. Nas muitas das fotos podem ver Didi Cabeludo.

    Para posicionar a roda na rampa do mercado identificamos ao fundo o Forte São Marcelo e a antiga Prédio de Alfândega, hoje o último Mercado Modelo.

    • Didi Cabeludo (Djalma da Conceição Ferreira) e M Cobrinha Verde (de costas)
      Foto de Salomão Scliar? (1925–1991)
      1963?
      Rampa do Mercado Modelo

    • M Cobrinha Verde (no chão, camisa listrada) e Didi Cabeludo
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?
      Leia o texto abaixo!

    • Didi Cabeludo
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?

    • Didi Cabeludo (quadrado vermelho)
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?

    • ?,
      M Traíra (berimbau),
      M Cobrinha Verde,
      ? (berimbau),
      ?
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?


    • Jogando: ? e ?
      Didi Cabeludo no quadrado vermelho
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?


    • Jogando: ? e ?
      M Cobrinha Verde no quadrado vermelho
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?

    • M Cobrinha Verde com apito que usa no final da faixa 2 do LP
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?
      Leia o texto abaixo!

    • Berimbau na mão de M Traíra
      Rampa do Mercado Modelo
      Foto de Salomão Scliar?
      1963?

    Rampa do Mercado

    Direções de fotos

    direções de fotos

    2 CAIS DO PORTO

    Duas das mais famosas fotos de Marcel Gautherot da capoeira escolhidas para acompanhar o LP.

    A primeira das fotos é cortada assim que e não mostra M Waldemar da foto original.

    As fotos já foram pesquisadas na página de M Waldemar, veja  aqui 

    • Jogando: ? e ?
      Cais do Porto
      Parte de uma foto de Marcel Gautherot, ca 1954

    • M Traíra e Quebra-Jumelo
      Cais do Porto
      Parte de uma foto de Marcel Gautherot, ca 1954

    Cais do Porto

    O texto

    • página 4

      -

      CAPOEIRA é luta de bailarinos. É dança de gladiadores. É duelo de camaradas. É jôgo, é bailado, é disputa -- simbiose perfeita de fôrça e ritmo, poesia e agilidade. Unica em que os movimentos são comandados pela música e pelo canto. A submissão da fôrça ao ritmo. Da violência à melodia. A sublimação dos antagonismos.

      Na Capoeira, os contendores não são adversários, são "camaradas". Não lutam, fingem lutar. Procuram -- genialmente -- dar a visão artística de um combate. Acima do espírito de competição, há neles um sentido de beleza. O capoeira é um artista e um atleta, um jogador e um poeta.

      É preciso entretanto distinguir a verdadeira Capoeira, tal como ainda hoje é praticada na Bahia, daquela que notabilizou malandros e desordeiros, em medos do século passado, no Rio e no Recife. Aqui [no Rio, N.d.E], a Capoeira era realmente uma luta de rua, que incluia a faca e a navalha, além dos golpes caraterísticos. Levava o pânico às festas populares e provocava a justa intervenção da Polícia. Na Bahia mesmo, por aquela época, os capoeiras andavam preocupando as autoridades da província pelas desordens que provocavam. Para ver-se livres dêles, o Governo mandou-os lutar no Paraguai. E pela primeira vez a rasteira, o aú, a meia-lua e o rabo de arraia foram usados como armas de guerra. Com successo, a julgar pela História...

      Mas a Capoeira é apenas uma vadiação -- assim a chamam os jogadores da Bahia, que ainda hoje a praticam nas festas no Bonfim e da Conceição da Praia, onde os mestres se exibem, continuando a glória de Mangangá e de Samuel Querido de Deus, capoeiras lendários.

      TEM NOVE MODALIDADES A ARTE DA CAPOEIRA, que se distinguem pela música e pela maneira de jogar. São elas:

      CAPOEIRA DE ANGOLA
      ANGOLINHA
      SÃO BENTO GRANDE
      SÃO BENTO PEQUENO
      JOGO DE DENTRO
      JOGO DE FORA
      SANTA MARIA
      CONCEIÇÃO DA PRAIA
      ASSALVA SINHÔ DO BONFIM

      A mais praticada -- e também a mais rica em temas e coreografia -- é a primeira. Ha também a "capoeira regional" ou "luta regional baiana", de mestre Bimba, com exertos de jiu-jitsu, box e catch, justamente repudiada pelos puristas da arte.

      NA CAPOEIRA DE ANGOLA, UM RITUAL PRECEDE A LUTA: dispostos em semicírculo, os "camarados" iniciam o canto, ao som dos berimbaus, pandeiros e chocalhos. Agachados diante dos músicos, os dois jogadores, imóveis, em respeitoso silêncio. É o preceito. Os capoeiras se concentram e, segundo a crença popular, esperam o santo. Os versos do preceito variam, mas os últimos são sempre os mesmos:

      Eh, vorta do mundo camarado!

      É o sinal. Girando o corpo sôbre as mãos, os capoeiras percorrem a roda e dão início à luta-dança, cuja coreografia é ditada pelo andamento da música. Esta jamais é interrompida, sucedendo-se os temas, de ritmo variável, tirados pelo mestre e repetidos pelo côro. As primeiras melodias são, geralmente, dolentes -- e a luta começa em câmara-lenta, com golpes largos, onde os capoeiras evidenciam o perfeito controle dos músculos. Logo muda o toque do berimbau e o ritmo se acelera -- os jogadores mudam o jogo e as pernas começam a cortar o ar com agilidade incrível. A assistência estimula os contendores:

      -- Quero ver um "rabo de arraia", Mestre Coca!
      -- Seu menino, que "aú"!
      -- Vamo lá, meu camarado, deixa de "mas-mas" e toca uma "chibata" nele!
      E não falta um farejador de defunto que diga, soturnamente
      -- Eu queria ver isso mas é à vera....

      A capoeira é um brinquedo. Assim, muitos golpes são proíbidos, como aqueles que atingem os olhos, os ouvidos, os rins, o estômago, etc.

      Mas se a luta é à vera, vale tudo...

      O golpes mais conhecidos são:

      O BALÃO -- com ambos os braços, o capoeira enlaça o corpo do adversário e o atira por cima da cabeça, para trás.
      A RASTEIRA -- um raspa com uma das pernas, procurando golpear os pés do contendor e deslocá-lo.
      O RABO DE ARRAIA -- com ambas as mãos no chão, o capoeira descreve um semicírculo com as pernas entesadas, visando atingir o companheiro.
      A CHIBATA -- o pé cai do alto, num arco de 45 graus.
      O AU -- salto mortal, firmando-se sobre as mãos e lançando ambos os pés para a frente.
      A BANANEIRA, A MEIA LUA E A CHAPA PÉ -- são variações da Chibata .

      Há ainda a CABEÇADA, o GOLPE DE PESCOÇO, O DEDO NOS OLHOS e muitos outros golpes, ou passos dêsse estranho e másculo ballet que os escravos bantus nos trouxeram de Angola, com sua bárbara e poderosa cultura.

      É possível que a Capoeira, tal como é praticada hoje na Bahia, muito pouco deva à sua pátria de origem. Nos versos e nas melodias gravados neste álbum, sente-se a presença de nosso povo, em sua capacidade de assimilação e recriação. E a própria transformação de uma luta em um bailado, de uma contenda num motivo para cantar e dançar é muito de nossa gente...

      A Capoeira é uma manifestação autêntica da índole, do espírito e do gênio do nosso povo. E com ela nós mandamos ao mundo uma mensagem: que bom se todo conflito, todo litígio, por mais violento, pudesse ser resolvido com música e poesia.

      DIAS GOMES

    • +

      página 12

      Mestre: TRAÍRA (João Ramos do Nascimento)

      Cantador: DIDI (Djalma da Conceição Ferreira)

      Berimbau: GATO (José Gabriel Gões)

      Berimbau: CHUMBA (Reginaldo Paiva)

      Berimbau: DE GUINÉ (Vivaldo Sacramento)

      Pandeiro: PAI-DE-FAMÍLIA (Flaviano Xavier)

      Pandeiro: QUEBRA-JUMELO (Vanildo Cardoso de Souza)

      Velhosmestres.com: a seguinte parte é polémica, porque lista mais faixas do que escrito no disco.

      Santa Maria - Canta TRAÍRA

      São Bento Pequeno - Canta TRAÍRA

      São Bento Grande - Canta COBRINHA VERDE

      Angolinha - Canta COBRINHA VERDE

      Cavalaria - Canta TRAÍRA

      Jogo de dentro - Disputa entre dois personagem fictícios

      Riachão do Diabo - Canta TRAÍRA

      Angolinha Miudinha - Canta COBRINHA

      Guarani - Canta TRAÍRA

      DIVERSOS: Angolinha Pequena - Angola - Angola Dobrada - Santa Maria Regional - Cavalaria - Jogo de Dentro - Gêge Kêto - Iúna


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