O Globo
Show de capoeira mostra no DF campeão de Dacar
24 de março, 1969
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BRASÍLIA (O GLOBO) – Com exibições na Universidade de Brasília, e no Teatro Nacional, e dirigido por Mestre Gato, apresenta-se em Brasília, o conjunto folclórico "Bahia de Todos os Santos", que em 1966 representou o Brasil no Festival de Arte Negra em Dacar, conquistando a primeira colocação.
Possuidor de um carteira de policia com recomendação de que não o prendam, uma cicatriz da orelha esquerda ao queixo, tez morena, bem queimada de sol, cabelos encaracolados Mestre Gato é homem perigoso, a par de um corpo musculoso com marcas de faca, navalha e gilete.
José Gabriel Góis, o Mestre Gato, não aparenta os quarenta anos de sua carteira de identidade. Disse pausadamente:
„Cheguei em Salvador de carona. Minhas primeiras casas na capital foram as palmeiras de Itagó(?), Itapoã e Amaralina. Depois fui para favela e me apoiei(?) como engraxate no mercado, mas era muito longe, resolvi largar.
E apresenta:
„Cada cabeça é um mundo, e o meu é jogar capoeira. Vamos, venha ver a única coisa que sei fazer bem. Entre na roda „camará“. É o convite que ele faz. O espetáculo começa. Mestre Gato dá o sinal convencional – levanta a bengala do jacarandá e os dois passistas – um deles seu filho com 12 anos [José Souza Góes, n. 1956, seu terceiro filho - velhosmestres.com] – que estavam de cócoras, dão inicio á primeira luta.