• Seu pai botou
     Pastinha na Escola de Aprendizes-Marinheiros 
    1902

    Informação sobre M Pastinha na Marinha

    Folha da Tarde, 1959: Recorda [M Pastinha] que, quando aluno da Escola de Aprendizes de Marinheiro, jogou esgrima, espada, navalha.

    M Pastinha, 1960 (manuscritos): «Na escola de Aprendiz Marinheiro da Bahia eu era o 110, e lecionei os meus camaradas de 1902 a 1909, bom tempo.»

    Revista O Cruzeiro, 1963: Em [1902 M Pastinha] sentou praça na escola de aprendizes de marinheiros, na Bahia, onde foi músico (virtuose de trompa), e em cuja escola regimental acabou por instruir-se. Ao mesmo tempo ensinava capoeira aos colegas.

    Jornal do Commercio, 1964: Aos 12 anos, seu pai colocou-o na Escola de Aprendises Marinheiros, onde permaneceu até quase os 20 anos. Lembrou que, na escola, seu salário era de 75 mil réis, dos quais só recebia 30 pois o restante o governo descontava. Deste dinheiro, colocava 20 mil reis na Caixa Economica e, com o que sobrava, fazia as suas «farras» aos domingos.

    Ainda na Marinha, teve seu primeiro contato com a musica, aprendendo a tocar "trompa", tanto assim que chegou a integrar a bandinha da escola. E com orgulho que fala do seu mestre de musica, prof. Anacleto Vidal da Cunha [leia abaixo!], pai do conhecido medico clinico Eduardo Vidal da Cunha, recentemente falecido.

    M Pastinha, 1967 (Revista Realidade): «Aos 12 anos, em 1902, eu fui para a Escola de Aprendiz de Marinheiro. Lá ensinei capoeira para os colegas. Todos me chamavam de 110. Sai da Marinha com 20 anos.»

    M Pastinha, 1975 (Jornal Ex-13): «Bom, então eu fui pra Marinha, em 1902. Lá fiquei coisa e tal e em 1910 eu saltei e pedi baixa, tá bom? Levei 8 anos na Marinha.

    Tinha um professor que conhecia meu tio né? Então meu tio andava se queixando e coisa tal que o menino era um menino desordeiro, não queria nada, não presta atenção, não quis aprender, coisa e tal, não tem jeito a dar nesse menino. A resposta que ele dava ao meu tio: bote na Marinha. Tá ouvindo? Bote na Marinha. Então eu tava aí assuntando a resposta dele. Bote na Marinha, eu ficava olhando assim pra ele e ficava dando risada. Quando ele saía dali eu não me incomodava não.

    Então eu fui indo, fui indo, chegou uma época, 1902, então tomei um instinto e fui pra Marinha, sentar praça, me empregar como indigente. Tá bom?

    Cheguei lá, perguntei ao sentinela: ô meu amigo, eu queria falar aqui com um camarada aí. Com quem eu me entendo aqui? Ele disse: qué que o senhor quer? Quer sentar praça? Eu disse é. Aí ele chamou o cabo da guarda, o cabo veio. Chegou, disse, é esse rapaz quer sentar praça. O cabo da guarda mandou eu entrar, aí me levou na presença do oficial do dia, né? Ele me levou à presença do comandante coisa tal, chegando lá o comandante disse que eu não servia, né? Porque eu era pequeno demais [leia sobre a altura mínima abaixo!]. Ele disse: você precisa comer mais uns 4 sacos de farinha pra você entrar aqui. A carabina é maior do que voce!

    Eu aí fiquei assim, triste né? Aí eu disse a ele: eu não tenho onde ficar. Ele disse: aonde que o senhor vivia? Eu digo, eu tava empregado, ele ficou assim, ficou, disse: deixa ele dormir aí. Ele vai se criando aí. O nome do oficial era tenente Olivo. Aí fiquei lá. Me botaram pra ser cabo dos fáxineiros. Depois veio inspeção de sáude coisa tal. Consegui entrar na escola. Veio uma ordem: Vicente Ferreira Pastinha, número 110, eu disse opa! Fui receber fardamento. Eu e mais 16 meninos.

    Aí o professor que mandava pra Marinha antes, amigo de meu tio, era o dito professor da escola agora, na Marinha. Eu vi ele na minha frente e eu disse: aii! Ele disse quem não sabe ler um passo à frente. Ele olhou pra mim, olhou pros outros que não passou e disse passe: eu aí passei. Ele disse leia. Eu disse, sei não. Ele disse leia, leia, leia. Ele pegou um maço de papel, né, escreveu ABC, disse tome, vá sentar.»

    Revista Placar, 1979: Rapazote, ele vivia solto pela cidade, tendo capoeira como principal travessura. Daí que seu pai, um espanhol severo, decidiu alistá-lo na Marinha. E lá foi Pastinha ser marujo. Quando saiu, aos 21 [20?] anos [..]

    M Decanio, 1997: Outro recruta que por certo afligira seus superiores foi Vicente Ferreira, que clandestinamente ensinou as manhas da luta a vários camaradas. Tempos após desligar-se da Escola em 1909, já sob a alcunha de Mestre Pastinha, ele se tornaria um dos maiores ícones da capoeira angola na Bahia e no país.

    Galeria de imagens

    • 1902 - O ano que M Pastinha sentou praça. Leia abaixo!

    • 1909 - O ano que M Pastinha deu baixa. Leia abaixo!

    • M Pastinha, 1960: «Na escola de Aprendiz Marinheiro da Bahia eu era o 110, e lecionei os meus camaradas de 1902 a 1909, bom tempo.»

    M Pastinha na Marinha


    Antiga Escola de Aprendizes-Marinheiros

    Antiga Escola de Aprendizes-Marinheiros

    O texto

    • página 1

      -

      Almanak Laemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940
      Ano 1902\Edição A00059

      Escola de Aprendizes Marinheiros

      Professor de gymnastica e natação
      Alfredo Rigaud

      Professor de musica
      Anacleto Vidal da Cunha [flautista]

      Aprendizes... 148 [M Pastinha número 110!]

    • +

      página 2

      Almanak Laemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940
      Ano 1909\Edição B00066

      Escola modelo de aprendizes marinheiros da Bahia [!]

      Funciona no extincto Arsenal de Marinha

      Eis o caminho a seguir para ser admittido um menor na escola de aprendizes.
      ter de 12 a 16 annos de idade;
      ter de altura, no minimo, 1m35;
      não soffrer de molestia alguma nem ter defeitors physicos.

      Os menores residentes na capital podem ser remettidos á escola por seus paes e tutores, pelo Dr. juiz dos orphãos ou pelo Dr. chefe de policia.

      Desde que um menor satisfaça ás tres condições acima, será admittido na escola, com a autorização do Dr. juiz dos orphãos, se é orphão.

      Desde que seja trazido pelo pae ou mãe, um requerimento estampilhado bastará para admissão.

      A escola fornece estampilhas grauitamente, bem como a formula do requerimento.

      Os paes e tutores dos menores residentes fóra da capital, enviarão ao commandante da escola o seu requerimento, acompanhando os menores, por intermedio das autoridades locaes (Dr. juiz de direito e Dr. delegado de polícia).

      Se o menor, enviado á escola não for aceite, por não satisfazer as tres condições acima, será remettido aos paes, fornecendo-lhe a escola passagem e os meios necessarios.

      Formula para o requerimento

      «Ao Sr. Capitão de Corveta Commandante da Escola de Aprendizes Marinheiros de (cidade) tantos de tantos.

      Diz «fulano» ou «fulana de tal» que não podendo dar educação necessaria a seu filho «fulano de tal», de «tantos» annos de idade, por lhe faltarem os meios, vem pedir respeitosamente vos digneis mandar alistal-o como aprendiz na Escola sob vossa digne direcção.

      Pelo que pede

      Deferimento.

      (Estampilha federal de 300 rs.)


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