•  Luiz Gonzaga's Encounter with Mestre Waldemar in Heaven 
    Victor Alvim Itahim Garcia (Lobisomem)
    2007


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    Luiz Gonzaga's Encounter with Mestre Waldemar in Heaven


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      LUIZ GONZAGA'S ENCOUNTER WITH MESTRE WALDEMAR IN HEAVEN

      Ouvi contar uma história
      Que vou narrar pra vocês
      Um fato inusitado
      Que alguém duvide talvez
      Um encontro dos dois poetas
      Que aconteceu certa vez

      Dois homens bem renomados
      Na cultura popular
      Amavam seus instrumentos
      Eram mestres no tocar
      E a vida do nosso povo
      Descreviam ao cantar

      Mil novecentos e doze
      Luiz Gonzaga nascia
      E quatro anos depois
      Waldemar quem chegaria
      Gonzaga em Pernambuco
      E Waldemar na Bahia

      Luiz Gonzaga na sanfona
      Foi um mestre sem igual
      E Waldemar da Paixão
      Foi mestre no berimbau
      Nasceram com este dom
      Do talento musical

      Luiz Gonzaga e Waldemar
      Passaram a vida cantando
      O baião e a capoeira
      Pelo Brasil divulgando
      A sanfona e o berimbau
      Sempre lhes acompanhando

      Nunca tive a informação
      Que houvessem se encontrado
      Tiveram muito em comum
      Mas cada um no seu lado
      Se pudesse eu teria
      O encontro realizado

      Depois de muito cantar
      E cumprir sua missão
      No ano de oitenta e nove
      Partiu o rei do baião
      Foi se encontrar com São Pedro
      Santo Antônio e São João

      E aproximadamente
      Um ano depois partiu
      Waldemar da Pero Vaz
      Da Terra se despediu
      No rastro de Luiz Gonzaga
      Para o céu também subiu

      Foi aí que ocorreu
      Este acontecimento
      Waldemar e Luiz Gonzaga
      Sem marcar apontamento
      Acabaram se encontrando
      Lá dentro do firmamento

      Luiz Gonzaga, o famoso
      O grande rei do baião
      Encontrou-se com o mestre
      Seu Waldemar da Paixão
      Resultando em cantoria
      De alegrar o coração

      Waldemar quando chegou
      Foi muito bem recebido
      Pois Jesus Cristo sabia
      Que pro bem tinha vivido
      E São Pedro o recebeu
      Como um filho querido

      Com seu berimbau na mão
      Waldemar no céu entrou
      Avistou Luiz Gonzaga
      E dele se aproximou
      Disse: - Lua eu sou seu fã!
      E a sua mão apertou

      Luiz Gonzaga respondeu:
      - De você já ouvi falar
      E eu também sou seu fã
      Saiba disso Waldemar
      O meu sonho sempre foi
      Um dia lhe ouvir cantar!

      O mestre Waldemar disse:
      - Assim fico acanhado
      Luiz Gonzaga eu estou
      Um tanto emocionado
      De ter a oportunidade
      De estar aqui ao seu lado!

      Luiz Gonzaga disse assim:
      - Waldemar isso é verdade
      Eu sempre sonhei ir vê-lo
      No bairro da Liberdade
      Mas com a vida corrida
      Não tive a oportunidade

      Waldemar então falou:
      - Não sei nem o que dizer
      É grande a satisfação
      De poder lhe conhecer
      E espero que a sua
      Amizade eu possa ter

      Com os olhos mareados
      Luiz Gonzaga disse: - É sorte
      Desfrutar dessa amizade
      Mesmo que depois da morte
      Waldemar venha aqui
      Me dê um abraço forte!

      E os dois se abraçaram
      Transbordando de alegria
      Logo depois decidiram
      Fazer uma cantoria
      Tiraram “cara ou coroa”
      Pra ver quem começaria

      Luiz Gonzaga pegou
      A sanfona e foi primeiro
      Cantou “Baião”, “Pau de Arara”
      “Assum Preto” e “Juazeiro”
      A “Moda da Mula Preta”
      “Pé de Serra” e “Boiadeiro”

      Waldemar gostava muito
      Não parava de sorrir
      Quando Luiz terminou
      Começou a aplaudir
      Disse: - Agora é minha vez
      De poder retribuir!

      Waldemar então pegou
      Seu instrumento querido
      O “Ás de Ouro” empunhou
      Seu berimbau preferido
      E disse: - Luiz Gonzaga
      Pode fazer seu pedido!

      Luiz Gonzaga pediu
      “A Peleja de Riachão”
      Os versos de um cordel
      Na forma de uma canção
      Uma linda ladainha
      Cantada com o coração

      E depois do “Riachão”
      Gonzaga pediu também
      “A Donzela Teodora”
      E “A Vida de Pedro Cem”
      Pois os versos de cordel
      Waldemar canta tão bem

      Waldemar cantou mais uma
      Foi “O Valente Vilela”
      Luiz Gonzaga aplaudiu
      Gostava muito daquela
      Estrofe que se tornou
      Ladainha da mais bela

      São Pedro vinha passando
      Parou para escutar
      E depois disse: - Meninos
      Vou ter que lhes confessar
      O meu sonho sempre foi
      Ver vocês dois a cantar!

      Luiz Gonzaga e Waldemar
      Se olharam admirados
      Com a confissão de São Pedro
      Ficaram lisonjeados
      Continuaram o canto
      Ainda mais animados

      São Pedro lhes perguntou:
      - Posso fazer um pedido?
      E os dois lhe responderam:
      - São Pedro santo querido
      Seu pedido é uma ordem
      De pronto será atendido!

      São Pedro disse: - Lá vai
      O meu pedido então
      Quero ver Luiz Gonzaga
      Com Waldemar da Paixão
      Cantando a “Asa Branca”
      Que é o hino do sertão

      - Com berimbau e sanfona
      “Asa Branca” irão tocar
      Chamarei todos os santos
      Para virem escutar
      Também um coral de anjos
      Para lhes acompanhar

      Waldemar e Luiz Gonzaga
      Começaram a tremer
      O pedido de São Pedro
      Teriam que atender
      Refletiram e responderam:
      - Não temos o que temer!

      Todos os santos vieram
      Para ouvir a sinfonia
      Veio até Jesus Cristo
      Com a mãe Virgem Maria
      E um coral com cem anjos
      Que a eles se juntaria

      E o céu ficou em festa
      E parou todo pra ver
      Ao pedido de São Pedro
      Que a dupla ia atender
      Era coisa imperdível
      Pra nunca mais esquecer

      Luiz Gonzaga na sanfona
      Puxou a introdução
      Waldemar no berimbau
      Foi fazendo a marcação
      E os dois cantaram juntos
      Em frente a uma multidão:

      “Quando olhei a terra ardendo
      Qual fogueira de São João
      Eu perguntei a Deus do Céu
      Porque tamanha judiação
      Eu perguntei a Deus do Céu
      Porque tamanha judiação”

      O grande coral de anjos
      Acompanhava cantando
      Ao clássico “Asa Branca”
      Que iam interpretando
      E uma grande luz se fez
      A todos iluminando

      São Pedro bem satisfeito
      Realizado sorria
      E a grande multidão
      Que a tudo assistia
      Emocionada e de pé
      Todo tempo aplaudia

      Lá no meio da platéia
      Januário e Gonzaguinha
      Januário orgulhoso
      Daquele filho que tinha
      E Gonzaguinha gritava:
      - Que bela família a minha!

      Os mestres Bimba e Pastinha
      Amigos de Waldemar
      Com os olhos mareados
      Começaram a relembrar
      Os bons tempos da Bahia
      Ao ouvirem seu cantar

      Ao fim todos aplaudiram
      Tomados pela emoção
      Foi assim que aconteceu
      A grande apresentação
      No encontro de Luiz Gonzaga
      Com Waldemar da Paixão



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