Diário de Notícias
Bimba versus Pastinha: duelo de idéias na capoeira
Salvador, 31/10/1965
Pedaços do artigo
«Em 1945, mais ou menos, ouvi falar por acaso em Mestre Pastinha. Pouco tempo depois ele me mandou uma carta-convite para eu ir até a sua casa. Eu não fui lá, nem ele veio cá. Nos encontramos em diversos lugares, posteriormente, sem que nenhum de nós fale em capoeira. Que é que há, como vai?»
Mestre Bimba
«Não tenho a menor intimidade com o 'Mestre Bimba' e o conheço superficialmente, alô, que é que há, como vai?, não existindo nenhum ressentimento entre nós nem rivalidade, pois ambos ensinamos a mesma modalidade de capoeira. Aliás, de certa feita lhe fiz um convite, pessoalmente e não por carta, para ele visitar a nossa academia e ver os meus 'meninos vadiar'. Ele não veio nem eu fui lá.»
Mestre Pastinha
«[..] ao que sabe, esse [Pastinha] não teve mestre, aprendendo de oitiva, entrando nas 'rodas', aprendendo por si só.»
Mestre Bimba
«Ela [capoeira] é uma só: a de angola. Capoeira regional não existe. Regional é apenas um nome criado por Mestre 'Bimba', angoleiro como eu. 'Bimba' ensina aos seus alunos a jogar mais ligeiro, enquanto eu determino aos meus movimentos lentos e manhosos, seguindo os ensinamentos do meu Mestre Benedito.»
Mestre Pastinha
«Os negros, sim eram de Angola, mas a capoeira é de Cachoeira, Santo Amaro e Ilha de Maré, camarado.»
Mestre Bimba